AGORA É PARA VALER.

Vivi uma grande satisfação na noite de 9 de novembro num evento no CDE, onde um grupo de proeminentes empresários de Nova Serrana relatou as experiencias acumuladas durante a viagem feita á Europa, mais especificamente á Espanha e Itália.

A minha satisfação reside no fato de haver uma confirmação absolutamente insuspeita sobre tudo aquilo sobre o que venho alertando o empresariado de Nova Serrana há quase dois anos. Ou seja – o perigo amarelo.

O testemunho dos enviados foi mais que realista. Foi de alarmar, quando relataram sobre o colapso verificado na indústria italiana de calçados, mormente no setor de calçado esportivo. O dramático relato do presidente da entidade deles, que declarou textualmente, de estar quebrado e sobrevive criando modelos para serem fabricados na China.

Ou a declaração de outro dirigente europeu: - Vocês, brasileiros, estão felizes porque tem ainda tempo de se preparar e se defender! Nos fomos pegos de surpresa e quebramos todos! – Quatrocentas fábricas fechadas numa só localidade dão bem uma idéia do tsunami que varreu a Itália.

Torno a lembrar, que este foi o panorama desenhado pelos empresários calçadistas de Nova Serrana, conhecedores profundos do setor em que atuam e plenamente cientes o que esta ameaça representa para Nova Serrana e adjacências á despeito de todos os APL's possíveis e imagináveis.

Confesso, que embora esperava esta invasão chinesa (que ainda não ocorreu, mas está em adiantado estado de preparação), achava sempre, que no Brasil, Nova Serrana seria a primeira vítima. Enganei-me. Os gaúchos foram escolhidos para o primeiro ataque e já há localidades onde o pânico impera.

Não prestei atenção ao fato que, toda a estratégia tanto militar como em negocios que os chineses fazem, está baseada nos ensinamentos do Sun Tzu, suposto autor do livro “A arte da guerra”, escrito há 25 séculos. E o que diz o livro?

“Antes de atacar conheça o seu inimigo, colete todas as informações, descubra toda a força e as fraquezas dele e, no momento oportuno, ataque com todas as suas forças concentradas no ponto mais fraco dele.” Nada de novo, que o bom senso não apoiaria.

Aplicando ao nosso caso: Informação diz que as mulheres compram quatro vezes mais calçados que homens. Comparativamente aos preços, chineses vendem pela metade do preço. Fábricas gaúchas (e não só elas) são economicamente fracas e não podem competir com as condições oferecidas por importadores. E assim por diante, a calamidade está configurada.

Porque o desastre não é maior? Porque os chineses foram tão surpreendidos pela insensatez do governo brasileiro, quanto o fomos nos, quando a China foi declarada nação de comercio livre. Sem comentários. Por isso aquele europeu disse que temos sorte e tempo e podemos nos preparar. Os chineses sabiam com dois anos de antecedência sobre a queda das barreiras aos produtos deles na União Européia e não perderam tempo. Estudaram mercado, abriram redes de distribuição, enviaram amostras (tudo o que estão fazendo agora no Brasil) e quando a barreira caiu, no dia seguinte inundaram a Europa com calçado de boa qualidade, estilo europeu e preços imbatíveis. Em menos de seis meses a indústria italiana de calçados estava de joelhos e dezenas de milhares, de outrora operários invejados, viraram desempregados.

Os excursionistas apresentaram várias propostas de como se defender para sobreviver. São propostas originais deles, as quais não tenho direito de divulgar. Só me cabe deixar aqui pela enésima vez o aviso para os donos de empresas finalmente acordarem para a realidade. Organizem vendas, melhorem serviços e entregas, produzam qualidade impecável, façam economias de guerra, apreendam a planejar, procurem ser originais e diferentes, enfim, sejam empresários e abandonem o bloco de “Maria-vai-com-as-outras”.

O que está em jogo, nada mais é, que o futuro de Vocês. Olhem aonde foi parar a invencível Itália.

Zdenek Pracuch