OCIOSIDADE É CUSTO.

Numa recente “radiografia”, que fiz para uma importante fábrica de Franca, cheguei a verificar em vários setores uma ociosidade de mão-de-obra que variava de 5 a 8% do total dos funcionários daqueles setores.

Esta ociosidade aumenta os custos e, desde que podemos quantificá-la, em termos percentuais, é fácil deduzir, que o custo é onerado por “x” por cento sobre a mão-de-obra mais os recolhimentos devidos sobre a folha de pagamento, que inclui o descanso remunerado etc., sem nenhuma contrapartida de serviço prestado.

O porque desta ociosidade, que num mundo industrial globalizado e altamente competitivo, se torna mais um fator de competitividade mais difícil, não é tarefa fácil de identificar, principalmente para as pessoas diretamente envolvidas ou responsáveis por esta situação. - Os alemães até criaram uma expressão “Betriebsblindheit” o que pode ser livremente traduzido como “cegueira da empresa”. De tanto ver as coisas feitas de um certo modo, até mesmo de um modo errado, as pessoas não as enxergam mais como tais. Simplesmente as aceitam como fato consumado.

É fácil de culpar a chefia, ou como agora se chama politicamente correto “a liderança” por esta ociosidade verificada. - É um fato que, quando a diretoria fala em aumento de produção, a primeira reação de cada chefe – líder é: mas preciso de mais gente!

É uma resposta automática, um reflexo condicionado do chefe, que não se esforça de pensar na racionalização do trabalho, na mudança de métodos, no melhor treinamento e, porque não, até na melhor supervisão.

Não pensem, que por ter verificado índice de ociosidade numa fábrica francana, que outros núcleos fabris estão isentos deste mal. Quando fiz um trabalho para a Apex na cidade de Jaú, encontrei uma fábrica com 47 % de índice de ociosidade! Tinha até gente dormindo sobre os pacotes de couros no almoxarifado! Porém encontrei em Nova Serrana duas fábricas, que trabalham com calçado vulcanizado, tipo autoclave, que tinham um índice de ociosidade invejável de zero por cento, ou seja, a totalidade de mão-de-obra estava ocupada produtivamente.

Os desperdícios na indústria de calçados são endêmicos. A começar pelos donos da empresa, ninguém foi educado para economizar. Desperdiça se em tudo: em mão-de-obra como acima foi destacado, em matéria prima e insumos, em energia, em tempo, em logística desnecessária carregando serviço em processamernto de um lugar para outro, desperdiça se o tempo, desperdiça se o capital de giro, já escasso, pela excessiva demora da mercadoria em processo – enfim, um desperdício de ponta à ponta.

A desproporção de funcionários produtivos contra os improdutivos está em média de 6 – 10% acima do que é aceito mundialmente como empresas bem administradas. O desperdício começa por aqui. A informática que era saudada como a salvadora desta situação, parece, que agravou ainda mais esta desproporção.

Será difícil de competir com os orientais, que desde milênios apreenderam a valorizar um simples grão de arroz e cujas terras gastas e clima rigoroso nos invernos, ensinaram o povo a economizar para o futuro, em crasso contraste com a nossa mentalidade tropical.

Virou moda culpar o câmbio pelas dificuldades enfrentadas pela indústria de calçados brasileira. Sem dúvida, a cotação do dólar constitui um problema, e é um problema grave. Mas não é o único e não deve servir de biombo para as outras deficiências causadas pelo gerenciamento falho e dado aos desperdícios.

Porque não aproveitar a ocasião de dificuldades para se conscientizar das nossas falhas e procurar nos aperfeiçoar? Há muito a ser feito!

Zdenek Pracuch

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